Entrevista| Tânia Koch a Youtubber


Tenho em mente trazer-vos entrevistas. Mas diferentes daquelas que vemos por aí nos blog. Não que as ache más, pelo contrário, dá para conhecer pessoas e blogs novos. Só que quero inovar e abrir mentalidades. Porque como sabem e está no separador quem escreve, eu tenho uma doença muscular e estou em cadeira de rodas. Por isso, o que vos quero trazer é entrevistas a várias pessoas com deficiência, para vos mostrar que todos nós somos diferentes uns dos outros e que também somos pessoas como vocês.

A minha primeira entrevistada é a youtubber/blogger Tânia Koch, mais conhecida como Tatanita. Eu sei que ainda há pessoas que não a conhecem, por isso podem subscrever o canal dela aqui e o blog, aqui. E porque decidi entrevista-la e que fosse a primeira? Porque a Tânia além de uma mulher linda, simpática e boa pessoa é também uma grande mulher. Porque é casada com um homem com deficiência. Para ela não é nada de outro mundo, mas há tantas pessoas incapazes de assumir um amor com uma pessoa com deficiência.

O marido dela, o Rui, não nasceu com deficiência. Foi uma cirurgia à apêndice e por negligência ele deixou de sentir os pés e de andar por si mesmo, fá-lo com apoio de canadianas ou usa a cadeira. Não me vou alongar muito mais sobre o assunto, se tiverem curiosidade podem ver aquiaqui e aqui. Conheceram-se no hi5, foram viver juntos, fizeram a lua de mel, tiveram uma filha e casaram em junho. E trago esta entrevista para mostrar que nós, pessoas com deficiência, também amamos e podemos ter uma vida comum. Então vamos à entrevista.



1 - Tatanita, apesar de seres uma youtubber bem querida e acarinhada, ainda há quem não saiba quem tu és. Queres fazer uma breve introdução sobre ti?



Ora bem… chamo-me Tânia mas todos me conhecem por Tatanita, (Tânia pequenita) … sou designer, dona de casa, mãe e esposa… uffa, só de escrever já cansa :D :D :D no meu canal/blog falo um bocadinho do universo feminino, tanto beleza como maternidade, relacionamento e etc.



2 - Sei que conheceste o teu marido no hi5, apesar de ser amigo de amigos teus. Da história que conheço, foi amor à primeira vista. Mas quando ele te contou do seu problema nem por um momento entraste em choque, desiludiu-te de alguma forma ou não tiveste receio do que ai vinha?

Ele contou-me tudo virtualmente, a primeira coisa que ele fez foi enviar-me uma foto dele em cadeira de rodas, quando abri, não percebi à primeira (duhhhh), pensei:

“Ele está de cadeira nesta foto mas…. Pode ter tido algum acidente e foi temporário… de certeza”

Mas não, afinal não era temporário, ele realmente tinha uma limitação física devido a uma negligencia médica…………… lembro-me de estar a ler o que ele me estava a escrever e as lágrimas caiam-me pelo rosto… houve sim um choque… como não haver né?? Tendo em conta a história dele é quase impossível não ficar em choque. Mas nunca, NUNCA foi motivo para eu desistir dele, e olha que ele fez-se de difícil lololol.



3 - Sabias, mesmo assim, que ele era o tal?



Naquela altura não sabia se ele era ou não o TAL, sabia sim que gostava dele e que queria viver com ele o que nos estava destinado, sem preconceito, sem limites, porque no amor não há limitações, pelo menos eu acredito nisso.



4 - Sei também que o levaste para o teu meio de amigos e família sem vergonha e que eles o aceitaram de imediato. Mas tiveste medo que alguém não aceitasse de imediato ou o tratasse de forma diferente?



Sem sombra de dúvidas que NÃO. Nunca tive medo que o tratassem diferente, nem que não o aceitassem, até porque eu conheço bem os meus amigos e família e tinha a certeza que não ia haver espaço para esse tipo de coisas, e realmente não houve.



5 - Houve pelo menos uma pessoa da família ou amigos que não encarou bem à primeira, o facto de namorares uma pessoa com uma limitação física? 



Não, ninguém se opôs. A minha mãe fez-me ver se eu tinha que ter certeza do que sentia, e se estava disposta a superar o que estava por vir, apenas isso, mais até por ele do que propriamente por mim hihihih.



6 - Ele sempre se mostrou uma pessoa insegura, com medo de que tudo terminasse de um dia para o outro ou foi conseguindo ganhar confiança rapidamente?



Ele não é muito de demonstrar os sentimentos, mas vivemos tudo tão intensamente e fomos deixando as coisas correrem como tinha que ser, sem stresses, vivendo um dia de cada vez, que penso que ele nunca se sentiu inseguro, mas não tenho como dar a certeza hihihi mas cá estamos nós, 10 anos depois <3 deve significar algo né?!




7 - Se vocês vão a um local público, talvez haja um olhar torto ou alguém que olha para ti com pena. Como é que o Rui reage ou como achas que ele se sente?



Nessas ocasiões eu e ele reagimos de forma completamente diferente, ele baixa a cabeça e nem sequer olha para as pessoas que passam por ele.
As pessoas não estão habituadas a ver, e as pessoas com limitação não saem tanto (algumas) porque as pessoas olham…. E torna-se um ciclo vicioso, temos que marcar a nossa posição na sociedade, e nunca deixar de fazer algo porque “as pessoas vão olhar”!!!



8 - E tu? Reages ou ignoras? O que sentes?



Já eu, se alguém tiver a olhar, encaro como quem pergunta: "precisa de alguma coisa?!?!?!?!" lolololololol



9 - Visto que o mercado de trabalho é quase nulo para pessoas com algum tipo de deficiência e, felizmente, o Rui tem trabalho, foi difícil a colocação? Os colegas e adaptação de todas as partes?



Ele trabalha por conta própria (digamos assim), na verdade com ele as coisas sempre correram mal nessa área, como tu dizes o mercado de trabalho é quase nulo e com ele não foi diferente, apesar de todas as ajudas do estado, os empregadores ainda têm muito preconceito em ter colaboradores portadores de deficiência.



10 - Que tipo de preconceito ele já sofreu? Algum comentário que desagradou?



Como disse anteriormente, que eu saiba - ou melhor, que ele me tenha contado – nunca sofreu de preconceito pelo menos assim descarado.





11 - Casar era o teu sonho, mas lembro-me que ele não queria. O que é que mudou?



Olha…. Nem sei lolol, ele ouviu uma conversa (sem querer) que eu tive com uma amiga e percebeu o quanto era importante para mim casar. Penso que terá sido isso!



12 - Houve alguém que ficou reticente a esse passo apesar de já terem uma filha e viverem juntos?



Não, ninguém… aliás ficaram todos MUIIITO felizes porque toda a gente sabia que era o meu sonho.



13 - Ter um filho foi algo desejado e planeado. Mas os dois tiveram algum receio quanto à saúde do vosso filho, mesmo sabendo que o problema do Rui não é genético nem hereditário?



Uiiii não…. porque no nosso caso não é nada genético e, como não contamos a ninguém da nossa intenção de engravidar, não houve tempo para essas questões lololol quando contamos, já estava kkkkkk



14 - Apesar de a Margarida ainda ser muito pequena, as crianças olham sempre com uma certa admiração para o que é diferente. Achas que algum dia ela olhou de forma diferente para o pai?



Não nunca, porque ela sempre o conheceu assim, para ela é normal.



15 - Como é a relação entre eles?



É maravilhosa, apesar de tudo ele sempre cuidou dela, mesmo quando era bébezinha e eu precisava de sair, era ele que ficava com ela e cuidava dela. Tudo normal como qualquer outro pai. Ela ADORA ir com ele no carrinho (cadeira de rodas), senta-se no colo dele, agarra-se de lado e lá vão eles a sacar cavalo e eu quase a ter uma síncope :D :D é super engraçado!


 



16 - Eu sei que tu sofres com o sofrimento do teu marido, vê-se isso pela forma como te emocionas quando falas dele. Achas que o amor que sentes por ele vai-te fazer suportar todas as barreiras, ou sentes que tens um limite e irão ter que se separar pelas dificuldades?

Eu costumo dizer que nunca saberemos o dia de amanhã, as pessoas podem deixar de se amar e etc, mas isso acontece com qualquer casal, eu espero, eu quero… ficar com ele para o resto da vida, e neste momento é o que sinto, venham as dificuldades, venham os desafios, que cá estamos nós para superar tudo juntos.



17 - Tens um amigo/a que se apaixona por uma pessoa com deficiência, mas o medo das dificuldades, do que os outros dizem e pensam, deixam-no/a com medo de assumir esse amor. Faz um pequeno texto com o que lhe dirias. Que conselhos darias?



Acho que lhe diria o que a minha mãe me disse a mim…
“Tens a certeza que gostas dele/a?!
Estás disposto/a a superar o que possa vir por aí?!
Se sim, bora lá viver esse amor, porque a vida são 2 dias.”




Agradeço à Tânia pela disponibilidade e por ter aceite logo de caras, responder a esta entrevista e colaborar com as fotografias para o blog. Como já tive a oportunidade de lhe dizer, é uma grande mulher. Porque conheço mulheres casadas com homens com deficiência, mas ou já eram casadas quando aconteceu ou porque conheceram por ocasionalidade da vida. Mulheres que falam com um homem com deficiência e mesmo sabendo, querem conhecer pessoalmente e levar a relação até ao fim, só conheço duas.


Espero que gostem da entrevista e se quiserem, partilhem nas vossas redes sociais. Beijinho*

Daniela Silva

22 comentários:

  1. Pois... Sendo assim não vale mesmo a pena :/

    Eu conheço-a e já a sigo faz algum tempo :D Adoro a espontaneidade!

    NEW DECOR POST | Back To School Organization Tips.
    InstagramFacebook Oficial PageMiguel Gouveia / Blog Pieces Of Me :D

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  2. Uma boa iniciativa. Parabéns pela entrevista.

    Isabel Sá
    Brilhos da Moda

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  3. Adorei e já a sigo a muito tempo e adoro bastante
    Beijinhos
    CantinhoDaSofia /Facebook /Intagram
    Tem post novos todos os dias

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  4. Belíssima iniciativa, Daniela. É este o caminho a seguir, o da inclusão, o do encarar as pessoas com deficiência como normais, como válidas e como pessoas com direito à felicidade. Parabéns!

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    1. Obrigada :) A ideia é fazer uma inclusão nossa na sociedade. Ainda há muito preconceito. Beijinho

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    2. Por acaso não a conhecia, fui ver o canal dela e gostei muito:-) Boa entrevista!
      Beijinhos

      O Planeta da Inês
      5 perguntas para vocês

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    3. Muito, muito obrigada querida

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  5. Não conhecia a Tânia, mas adorei a entrevista e a tua iniciativa. Infelizmente, ainda há muito preconceito quando, na realidade, as pessoas com deficiência deviam ser encaradas como pessoas normais que são. Têm uma limitação, mas isso todos nós temos. O que importa perceber é que não são menos capazes por isso.

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    1. Sim, quero-vos mostrar a todos que nós somos iguais em tudo...beijinhos

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  6. Gosto muito da Tatanita, da sua honestidade e transparência.

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  7. r: Não sei se estão todos disponíveis. Por acaso gostava de rever a série, mas ainda não procurei.
    Obrigada e igualmente*

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  8. Gostei muito da entrevista!
    retromaggie.blogspot.com

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  9. Olá, Daniela.
    Adorei a entrevista.
    Que bela iniciativa você teve.
    Parabéns pelo blog, ele é muito lindo.
    Abrçs

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